domingo, setembro 30, 2007

herbalist.

Sempre gostara de chuva. Do seu rumor trepidante nos estendais da roupa. Da sua tonalidade cinzenta, escorrendo pela vidraça rumo ao desconhecido. Espreitando do seu oitavo andar, mirava os guarda-chuvas circulando entre os lençóis de água, as árvores abanando a copa carregada e agitando os ventos, que se abatiam com estrondo nos vidros. Adorava a sensação de desintoxicação, que lhe percorria e filtrava os poros em dias de louca correria entre as poças. Queria ir ali para o meio, parar no centro da tempestade, ensopar-se de água. Queria um rio só para si, que mantivesse o seu ser afastado de tudo aquilo que não queria.
Pena que os seus medos soubessem nadar.
(e bem).

sexta-feira, setembro 07, 2007

le moulin d'Amélie Poulain.

Ela gritou, esperneou, ofendeu-me. As palavras atingiram-me em cheio na cara e no coração, esventraram meu corpo sem dó nem piedade.
Com as lágrimas caindo solitariamente pela bochecha, salgando-me a boca, penso apenas na falta que me fazes. Penso tanto nisso que choro ainda mais, de mãos cerradas e apertadas, alma a nú. Queria-te tanto aqui, o teu abraço sempre demasiado pequeno para me envolver mas bastante. Bem sei que isso não vai acontecer, e que bem posso morrer aqui na água salgada do meu corpo. Mas as saudades que sinto de ti fazem-me morrer respirando ainda cada sopro de ar, sem hesitação. Porque nada me faz desistir da ideia de que, um dia, me aparecerás, pequena e sorridente, cara de idiota chapada, abraçando-me novamente. A esperança desse encontro faz-me levitar, lacrimejar pequenas gotas de alegria pelo meio do sal triste. Decerto que amanhã não será a véspera desse dia, but honey, o Abraracourcix há-de estar enganado um dia deste, e, nesse dia, sugarei de ti tudo aquilo a que tenho direito. It ain’t over til it’s over!

Pois.


This is how it works
You're young until you're not
You love until you don't
You try until you can't
You laugh until you cry
You cry until you laugh
And everyone must breathe
Until their dying breath

No, this is how it works
You peer inside yourself
You take the things you like
And try to love the things you took
And then you take that love you made
And stick it into some
Someone else's heart
Pumping someone else's blood
And walking arm in arm
You hope it don't get harmed
But even if it does
You'll just do it all again.

"on the radio", Regina Spektor.