Durante anos ninguém se lembrou que existia. Desde que caíra daquele prédio, mergulhado na mais pura letargia alucinogénica, até se esvair em cinzas, sempre um desprezo do mais puro que existe.
A princípio entristeceu-se, sim. Pensou em adormecer para sempre, fundir-se com o ar e desaparecer com o vento do Norte. Depois chegou quase a habituar-se. Não hábito de não ficar magoado, mas hábito de lhe ser indiferente. Para quê chatear-se? Vivia na margem, e nunca ninguém lhe reconheceria mérito. Mais valia passar a eternidade em descanso e sem sonhar com mundos e fundos inalcançáveis à sua metáfora de pessoa.
Um dia, no entanto, e contra todas as possibilidades, alguém precisou da sua ajuda. Alguém precisou dele. Nem queria acreditar quando F. se aproximou, intrigado, e pegou em si, espalhando-o falsamente naquele sítio. Sentiu-se extasiado. E encontrou finalmente uma razão para ‘viver’. Não que esperasse que mais alguém precisasse de ajuda. Claro que não, era impossível. Mas ao menos já ajudara outrém, marcara uma vida. E isso seria coisa que nunca iria esquecer.
quinta-feira, dezembro 28, 2006
terça-feira, dezembro 26, 2006
domingo, dezembro 17, 2006
sam.
Correu tao rápido quanto conseguiu. Virou a esquina, entrou no elevador no último minuto. Sentiu que não aguentava. Quando as portas se fecharam com um barulho cortante, chorou. Debulhou-se em lágrimas estúpidas e irracionais. Encostou-se ao aço frio, arrepiou-se. E verteu mais uma lágrima, que, obesa, escorreu lentamente pela bochecha e abateu-se brutamente contra o chão. Escorregou pela parede, cara enfiada nas mãos.
De súbito, ergueu-se. Ajeitou o cabelo, limpou a cara, e sorriu. Pronto. Já tinha passado.
As portas abriram-se novamente, no rés-do-chão; sorridente, e de altivez em punho, avançou pelo átrio, desaparecendo na luz do meio-dia.
De súbito, ergueu-se. Ajeitou o cabelo, limpou a cara, e sorriu. Pronto. Já tinha passado.
As portas abriram-se novamente, no rés-do-chão; sorridente, e de altivez em punho, avançou pelo átrio, desaparecendo na luz do meio-dia.
sábado, dezembro 02, 2006
the cost of living.
"I ask for no forgiveness, Father, for I have not sinned. I have only done what i needed to do to survive. A small boy once asked me if I was a bad man. If I could answer him now, I would tell him that when I was a young boy, I killed a man to save my brother's life. I am not sorry for this. I did not ask for the life that I was given, but it was given, nonetheless, and with it I did my best."
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