domingo, julho 09, 2006

Gosto muito.


"Dos mortos só se diz bem!", diria Zézinha.
O que Zézinha não sabia, na sua inocência de seguradora cinquentenária, é que havia mortos que continuavam vivos, e que a terra apenas se lhe comera os olhos em algumas mentes insaciadas de liberdade e justiça. E que havia mortos que se matavam a si próprios, desvaneciam-se alegremente no pensamento, pululando para recantos escondidos. E o que Zézinha não almejava também é que muitos mortos ressuscitavam de repente, para suscitar a discussão entre os vivos, morrendo novamente logo de seguida. E que muitos vivos desejavam que muitos mortos continuassem mortos e enterrados na areia escura no cérebro, segunda porta à esquerda no corredor de portas brancas.
Caramba, Zézinha, já tinhas idade para saber da vida.

1 comentário:

Anónimo disse...

os mortos têm a 'capacidade' de surpreender os vivos.

está muito bom! go on *