No meio da turba, destacavam-se na escuridão, dançando lentamente o ritmo das suas almas. Enlaçados, parados no tempo, rostos extasiados, envolvendo-se um no outro num abraço. Como num sonho. De olhos fechados, descobriram-se sem que mais ninguém se apercebesse, no meio da multidão excitada que pululava sem descanso, indiferente.
De vez em quando olhavam-se nos olhos. E brilhavam como duas estrelas, confundindo-se com os relâmpagos epilépticos da multidão. Depois voltavam a agarrar-se, com força e pujança, para que aquele momento ou a memória dele nunca saísse disparada numa correria desenfreada e permanecesse imóvel e imutável para sempre.
Para sempre... tudo é eterno enquanto dura!