quinta-feira, dezembro 28, 2006
Baskerville Walsh.
A princípio entristeceu-se, sim. Pensou em adormecer para sempre, fundir-se com o ar e desaparecer com o vento do Norte. Depois chegou quase a habituar-se. Não hábito de não ficar magoado, mas hábito de lhe ser indiferente. Para quê chatear-se? Vivia na margem, e nunca ninguém lhe reconheceria mérito. Mais valia passar a eternidade em descanso e sem sonhar com mundos e fundos inalcançáveis à sua metáfora de pessoa.
Um dia, no entanto, e contra todas as possibilidades, alguém precisou da sua ajuda. Alguém precisou dele. Nem queria acreditar quando F. se aproximou, intrigado, e pegou em si, espalhando-o falsamente naquele sítio. Sentiu-se extasiado. E encontrou finalmente uma razão para ‘viver’. Não que esperasse que mais alguém precisasse de ajuda. Claro que não, era impossível. Mas ao menos já ajudara outrém, marcara uma vida. E isso seria coisa que nunca iria esquecer.
terça-feira, dezembro 26, 2006
domingo, dezembro 17, 2006
sam.
De súbito, ergueu-se. Ajeitou o cabelo, limpou a cara, e sorriu. Pronto. Já tinha passado.
As portas abriram-se novamente, no rés-do-chão; sorridente, e de altivez em punho, avançou pelo átrio, desaparecendo na luz do meio-dia.
sábado, dezembro 02, 2006
the cost of living.
"I ask for no forgiveness, Father, for I have not sinned. I have only done what i needed to do to survive. A small boy once asked me if I was a bad man. If I could answer him now, I would tell him that when I was a young boy, I killed a man to save my brother's life. I am not sorry for this. I did not ask for the life that I was given, but it was given, nonetheless, and with it I did my best."
domingo, outubro 15, 2006
oh no, what's this?
Foi então que, num ronco suspirado, acordou, encharcado no seu próprio suor. Repirava ruidosamente. Olhou para o lado, e descansou a sua aflição. Ela estava ali, repousando suavemente, respirando sem ruído.
Levantou-se e caminhou com leveza até à varanda. Respirou o ar da noite, acalmou-se e espirrou no silêncio do Largo. Voltou então para dentro, fechando cuidadosamente a janela. Subiu para a larga cama e aninhou-se. Depois abraçou-a.
Ela mexeu-se lentamente, encostou-se. E ele chorou, lágrimas a cair-lhe quatro a quatro pela cara rugosa.
É horrível termos o que queremos.
"Porque é aí que temos alguma coisa para perder", e soprou, amedrontado.
sábado, outubro 07, 2006
hmm.
sexta-feira, setembro 22, 2006
sábado, setembro 16, 2006
sexta-feira, agosto 18, 2006
Vida.
"Descobri que a minha obsessão de que cada coisa estivesse no seu lugar, cada assunto no seu tempo, cada palavra no seu estilo, não era o prémio merecido de uma mente ordenada mas, pelo contrário, um sistema completo de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, mas como reacção contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir a minha mesquinhez, que passo por prudente por ser pessimista, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que não se saiba que pouco me importa o tempo alheio. Descobri, por fim, que o amor não é um estado de alma mas um signo do zodíaco."
domingo, julho 16, 2006
who knew!
Your Luck Quotient: 76% |
You have a high luck quotient. More often than not, you've felt very lucky in your life. You may be randomly lucky, but it's probably more than that. Optimistic and open minded, you take advantage of all the luck that comes your way. |
quinta-feira, julho 13, 2006
domingo, julho 09, 2006
Gosto muito.
O que Zézinha não sabia, na sua inocência de seguradora cinquentenária, é que havia mortos que continuavam vivos, e que a terra apenas se lhe comera os olhos em algumas mentes insaciadas de liberdade e justiça. E que havia mortos que se matavam a si próprios, desvaneciam-se alegremente no pensamento, pululando para recantos escondidos. E o que Zézinha não almejava também é que muitos mortos ressuscitavam de repente, para suscitar a discussão entre os vivos, morrendo novamente logo de seguida. E que muitos vivos desejavam que muitos mortos continuassem mortos e enterrados na areia escura no cérebro, segunda porta à esquerda no corredor de portas brancas.
Caramba, Zézinha, já tinhas idade para saber da vida.
terça-feira, julho 04, 2006
Not again...!
Não sei que faço aqui, outra vez prostrado no meio do alcatrão, cara enfiada neste risco branco. Demasiado familiar para o meu gosto.
sexta-feira, junho 16, 2006
quinta-feira, junho 15, 2006
sábado, junho 10, 2006
Björk's "unison"
Uma das minhas músicas preferidas do "vespertine" björkiano. Quero uma criança desta criatura (kids scare me to death, but still). Vá lá, Mariana...!
segunda-feira, junho 05, 2006
mariana messengerificada.
terça-feira, maio 30, 2006
Não.
domingo, maio 28, 2006
Mariana's past.
O Planeta de Mariana, algures em 2003:
"A Janela
Pois cá estou eu, numa aula qualquer. Oiço alguém a falar, deve ser o professor. Mas eu não o vejo. Além de estar escondido atrás de uma colega, não quero vê-lo, nem sequer ouvi-lo. Se já estou em estado de sonolência, ao ouvir o que alguém despeja friamente cairia num sono profundo do qual só acordaria com um tremor de terra (e mesmo assim...).
Olho então para o lado. E que vejo? A minha eterna amiga, grande e transparente, e lascada também. Meio aberta (por causa do cheiro moribundo da sala), ela deixa entrar um pouco de sol, filtrado pelos estores a meia haste. Pois, é a janela, que deixa contemplar o que há lá fora, e fez sonhar todos os que neste lugar já pousaram o caderno.
A vista não é muita. Um telhado, uma escola cor-de-rosa, uma fila de prédios decadentes, um outro lá mais ao fundo, isolado em toda a sua altura. Algumas árvores rasteiras e vazias de folhas compõem o ramalhete.
É certo que a vista não é muita, mas o certo é que dá para o gasto. Ao olhar através dela, e se tivermos a sorte de estar bom tempo, vemos, acima de qualquer coisa, luz.
Luz. Mas não é uma luz qualquer. Não senhor. É uma luz libertadora, que provoca o sonho. Ao recebermos este feixe intenso, fechamos os olhos e imaginamos que estamos noutro sítio. Qualquer sítio, não interessa, mas um que nos faça sentir bem, sem preocupações, leves e livres como uma folha acastanhada que voa ao sabor do vento.
O único problema desta luz é que pode provocar um indesejado encontro com o professor. Se ele se lembra que existimos, lá caímos das nuvens, e com um grande trambolhão percebemos que o nosso nome foi espancado... na caderneta.
Mas, se tivermos sorte, a aula passa num instante e, quando toca, parece que passou apenas um minuto desde que fomos iluminados pela luz libertadora.
11º4 nº6"
sexta-feira, maio 26, 2006
O pequeno grande planeta de Mariana.
Aos seguidores desta afável doutrina, apelidam-se de Símios, estando eles espalhados pelas mais diversas áreas do saber. Sendo que temos até uma enviada especial em longínquas terras sadinas. Saudades dela.
E pronto, é isto. Welcome to Mariana's Place. Let the party begin.